3 de jan. de 2010

Angra dos Reis/RJ: Um desastre previsível.



Não é preciso ter conhecimentos geológicos para saber que morar na encosta de um morro é conviver com um perigo constante. Não são poucos (e nem raros) os casos de situações de deslizamentos de terras ao redor do Brasil e do mundo. Basta dar uma chuva forte e nos tornamos susceptíveis a tais catástrofes.

O motivo pelo qual as pessoas continuam construindo nestes lugares são os mais diversos, seja por não ter outro lugar para morar, seja por estar bem localizados, mas o fato é que ante a necessidade de construir, existe um pré-requisito básico: a segurança. Para cuidar desse pré-requisito existe, no Brasil, um órgão chamado DEFESA CIVIL, interligada ao Ministério da Integração Nacional, que tem como um dos seus objetivos, reduzir o numero de desastres, compreendendo ações de prevenção, ou seja, antes de construir o procure.

O Município de Angra dos Reis é, sem duvidas, um dos lugares mais bonitos do Brasil, com 365 ilhas e aproximadamente 2000 praias, se transformou num destino muito procurado por Brasileiros e Estrangeiros. Com uma área total de 819 km², possui uma topografia bastante acidentada, com variações que partem do nível altimétrico 0 metro a 1.640 metros no Pico do Frade. Esta diferenciação é em função da proximidade dos maciços alcantilados da Serra do Mar com o Litoral. Os tipos de solo predominantes são o Podzólico Vermelho Amarelo, o Cambissolo, os Aluviais, o Glei, a Areia Quartzosa e o solo litólico. Sendo os dois primeiros os que ocorrem nas encostas, meias enconstas e nas porções mais íngremes das encostas da Serra do mar, ambos com boa drenagem, o que facilita os deslizamentos, principalmente (como nesse caso), quando sobre rochas graníticas (sem porosidade).

Em relação ao perigo naquela região, numa reportagem de 2005, a repórter Renata Aquino, publicada no site UNIVERSIA, ressalta a Geologia usada como prevenção e cita:

"No caso da Serra do Mar, a declividade é alta, as montanhas são inclinadas, quase verticais, o resultado é que qualquer passeio pelas rodovias paulistas Imigrantes ou Anchieta mostra sinais da instabilidade do terreno”.

O que podemos concluir? Que desastres como este, não são raros e tampouco são imprevisíveis. Saber quando vai ocorrer exatamente não dá, mas saber que pode ser a qualquer momento sim. Temos órgão regulamentadores, temos pesquisas efetutadas, temos alertas de que a região é instável e tudo continuou como sempre. Saber de quem é a culpa ou simplesmente julgar órgãos competentes, as próprias pessoas ou até a chuva não vai trazer de volta as dezenas de vitimas do desastre. O que nos resta a fazer enquanto cidadão é buscar lugares seguros para construir, ou cobrar das autoridades pesquisas que influam na construção segura nestes lugares, cobrar dos nossos políticos ações de conscientização e investimentos em infraestrutura que dê suporte para que tais catástrofes não ocorram.

Fica aqui os meus pêsames (sinceros) as famílias das vitimas.

Sérgio Alves

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Referências

http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=6223

http://www.angra.rj.gov.br/asp/municipio/muni_geo.asp

http://www.angra-dos-reis.com/index_2.htm

Autor Sérgio Alves : 9 comments

9 Opiniões:

Abusar demais do meio ambiente resulta nisso,vai ser um pouco difícil reverter a situação,agora resta as autoridades tomarem consciência do problema e agirem o mais depressa possível.

Gostei muito do texto e acho que deveria existir uma fiscalização muito mais eficaz com relação às construções em locais de risco não só para evitar possíveis catástrofes, como também para evitar que a população cause danos ao meio ambiente (pelo fato de que boa parte dessas áreas de perigo sofre com a expansão desordenada, desmatamento etc.

Este comentário foi removido pelo autor.

Ficaria mais consistente o problema da regiao se na entrevista ao jornal (globo por exemplo) tivesse explicado essa geologia... Mas a unica coisa que vejo é que houve infiltração e o solo cedeu ¬¬'... Quem sabe uma caprichada nas reportagens estimulassem mais o medo e consequentemente mais fiscalizações!

Primeiramente parabéns pelo Blog, muito legal esse texto sobre o desastre de Angra. Este serve de alerta para nossos dirigentes e sociedade em geral, sobre a problemática que envolve a ocupação do solo neste país. O governador do rio afirmou em entrevista que irá rever todo o plano de uso e ocupação do solo do Estado do Rio de Janeiro. Mais uma vez, pessoas perderam suas vidas, devido a falta de fiscalização e conhecimento ambiental e físico da área. Enfim, numa visão local, Aracaju não está muito diferente. Se pararmos para analisar, encontramos áreas de riscos próximas a Universidade Federal de Sergipe. Assim, o governo do Estado em parceria com UFS, que dispõe de bons pesquisadores, deveriam atuar nesta área mapeando os pontos de alto risco, já que toda a área obviamente é de risco e, expor para população local o risco de ocupar essas áreas.

Infelizmente,a natureza mais uma vez se manifesta e acaba causando tragédias como essas, familias destruídas, sonhos interrompidos e lembranças tristes deste episódio. Seria devido a exploração dessas belezas naturais de forma, acredito eu, desordenada ou até mesmo degenerativa e em áreas de bastante risco? Quem poderia responder? Consciência e Prevenção poderiam ter evitado esse sofrimento. É muito facil para os governantes locais destilarem discursos de condolências e prestarem serviços póstumos, debandando gastos aos cofres publicos(necessários claro), onde esse mesmo dinheiro deveria ser utilizado na fiscalização efetiva da ocupação em locais como estes. O fato é que se tornam cada vez mais constantes essas reações da natureza. O planeta dá sinais e pede ajuda. Ainda há tempo de darmos o 1º passo.

GOstei muito do texto, mais isso poderia ser evitado com a interferencia da defesa civil como foi sitado por Sergio já que os homem destroi e invade o meu ambiente sem controle.

Muito bem Serginho... São textos interessantes e coerentes como o seu que merecem ser lidos. Um comentário bem fundamentado e crítico. Gostei muito da sua forma de escritura e lógico o conteúdo é muito racional e nos faz pensar em nossas escolhas do dia a dia, seja um passeio, uma moradia ou mesmo a escolha de nossos representantes.

Pois é Sérgio, o texto nos traz dados estatísticos, nos revela a previsibilidade que há quando se fala em deslizamento, e isso tudo através de um acadêmico de geologia com influência na comunicação, no mais, fica a mensagem aos gerentes dos estados para que seja de fato realizada fiscalização nas obras que são realizadas nas encostas que podem vir a sofrer com o deslizamento, deve-se levar em conta os estudos realizados pelos profissionais da área que tanto estudaram para nos dar pareceres reais dos impactos e da realidade geológica das áreas brasileiras e mundiais. Abraços Sérgio, muito bom o seu texto!

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